A tempestade aproximara-se sem ele dar conta.
O dia terminava.
Ao longe, vindas da serra, as nuvens escureciam os céus, o vento levantara-lhe a capa e descobrira-lhe a cara, quando saira do abrigo da pequena igreja solitária.
Como se isso importasse.
Não estava ali ninguém.
Nunca estava.
Ao fundo, o cemintério antigo e esquecido estava rodeado por alguns ciprestes sobreviventes.
Não foi difícil encontrar o sítio adequado.
Em pouco tempo, escavou o resto do buraco que a natureza tinha iniciado.
Foi ao carro e, com alguma dificuldade, conseguiu arrastar o corpo inerte enrolado numa manta azul.
Ainda respirava.
Ficou surpreendido.
Era capaz de jurar que tinha conseguido acabar com tudo.
Era indiferente.
A terra acabaria com o trabalho.
Com mais um esforço, arrastou-a até ao buraco.
No momento seguinte, uma mão com garras saiu da manta, apertando-lhe o pescoço e rasgando-lhe a carne.
(Desafio de 150 palavras para mais um concurso qualquer - Conto 1)
Sem comentários:
Enviar um comentário