A incrível história do Gavião que não sabia voar, e da Rosa que lhe mostrou para que serviam as asas.
Agapito Higino dos Santos Gavião, pastor de profissão, filho de Madalena dos Santos e de António Gavião, herdeiro dos nomes dos seus avôs, o que lhe agastou um pouco a infância e a adolescência e também outras alturas da vida que já irei explicar, 45 anos de idade, estado civil solteiro, estatuto solteirão e, mais concretamente aqui na aldeia de Casais das Lages, de encalhado. Encalhado por causa do nome, provavelmente, e por causa do cabelo ruivo, quase de certeza. As raparigas fugiam todas dele. Quer dizer, não fugiam a correr, é claro, mas nenhuma aceitava conversar com ele mais de dois minutos, e a ele também já não lhe interessavam as conversas, depois de ficarem a olhar fixamente para o seu cabelo ruivo, em vez dos seus olhos. Até o Tenório Pintassilgo tinha conseguido arranjar noiva, casar e ter um bando de filhos risonhos, e o Hilário Pisco tinha publicado um livro com os seus desenhos das plantas do campo sem se sentir envergonhado… e ele a correr os montes para não ter de ver