O dia amanheceu finalmente solarengo e ameno, depois de umas longas semanas de vento frio e de chuva.
O sol brilhava suave por entre as folhas novas dos plátanos, os pardais e as andorinhas andavam num alegre rodopio, e até o Pato Jeremias resolvera sair da sua concha para vir apanhar um bocadinho de calor, esticar as asas e, quem sabe, petiscar as tostas com doce de morango do costume.
O calendário marcava o 13.
Sim, era um dia perfeito!
A propósito, este é o último capítulo.
Assim, os assíduos leitores deste blog terão pelo menos algum interesse ou, quem sabe, uma certa curiosidade ou, no mínimo, uma ligeira comichão para saber como isto “acaba”.
Não um “acabar” definitivo, como o das novelas da TVI, em que só no último capítulo se descobre quem matou o António, e tem de vir a cassete lá não sei de onde de helicóptero, e com mais aparato policial que o próprio Primeiro-Ministro.
Este é um “acabar” daqueles que pode ter continuação.
Se conseguir vender esta ideia à TVI, posso começar a ponderar a hipótese de deixar de gastar 2 € em Euromilhões cada vez que há jackpot e me lembro de ir registar o boletim.
Ora qual novela da TVI, a “Odisseia do Tacho” tem alguns finais previsíveis – como terminar toda a gente na Festa da Caldeirada da Maria Odete a comer e à porrada – e outros… que nem por isso…
Pronto, para ser simpática, também começa com uma festa!
Como não poderia deixar de ser, o casamento do Xavi Fuentes, já esquecido da Joaninha, com a Maira Casimiro, filha do Xico, o Psicopata, e afilhada da Ti Faustina, o que quer dizer que… sim, a velha senhora lá está no altar, com o traje duro e melancólico das viúvas portuguesas, sentada no seu banco de três pernas, a dar com a sua fiel bengala nas canelas do Espanhol…
Há uma diferença, porém. A Ti Faustina aderiu à moda da maquilhagem… mas não foi ainda essa a razão para a fazer tirar o buço do queixo…
Como se não bastasse esta tormenta, já o pobre Espanhol vai bem enfeitado… com o olho direito negro – ok, estou a ser branda… o olho está completamente fechado, de tão inchado… - 3 arranhadelas no lado esquerdo do pescoço, e um ligeiro coxear. As marcas do Amor…
Ao olhar com mais atenção para os convidados que limpam as lágrimas à chegada da noiva, podemos ver quem ficou com quem, que é o que se quer saber num final.
Também temos uma preferência pela forma trágica como se lixa o mau da fita, mas aqui não temos desses gajos, pelo que ficamos mesmo pelos casaizitos…
A Joaninha fica com a Marilice Esteticista.
A Marilice Esteticista é a prima do Espanhol, que veio para a ocasião, e que se reencontrou com o seu grande amor – sim, a Joaninha.
Abrem o Cabeleireiro Marilice, onde a Marilice vai colocar em prática as técnicas ancestrais de arrancar os pêlos do buço com cera quente, que aprendeu no Oriente profundo, num cabeleireiro ali para os lados de Sacavém. A Joaninha fica radiante, uma vez que não esqueceu o Bruno e ele até achou giro alinhar na rambóia.
Ao lado delas, temos o R.J., o Fanhoso, que lá se acabou por ajeitar com o Índio George, e descobriu que há mais da vida para desfrutar.
Mais atrás, o António Luís e a Débora – ele percebeu finalmente que a Débora, afinal, até é uma moça jeitosa para se levar para casa: sabe cozinhar, lavar as escadas, desentupir a pia, e ainda fazer uns biscates no carro e abrir frascos, coisa que, às vezes, lhe dava cabo da paciência, porque ele era um bocado fraco de braços, só era pena o seu buço anormalmente desenvolvido…
O Valentim, por vezes, também se junta a eles e, nos dias bons, também a Maria Odete, que revela ali mesmo que se tornou vidente depois de ver um porco numa motorizada, num ano em que foi à concentração de Faro.
O Ricardão da Oficina não veio ao casamento. Agarrou na garrafa de hélio, na ambulância e arrancou direito ao Alentejo perdido para tentar encontrar ovnis.
O Júlio Cangalheiro lá apareceu, vindo directamente do aeroporto, com as suas assistentes Jaciara, Márilin e Ivenka, mas desta vez lixou-se, porque teve de as partilhar com o Guarda Arnaldo (sempre debaixo dos olhos dos seus adorados pais, o Guarda Januário e a Sra. D. Maria dos Prazeres), e com o seu primo Marco dos Correios. Outros que não se vêm aqui são o Cláudio, o Gótico, a Giséla Sóraia, a Odete Maria e o Óscar, o Padeiro, que estão enfiados no confessionário a jogar Mikado. É que a Giséla lá descobriu um encanto qualquer no Cláudio, e a Odete Maria descobriu um extracto da conta bancária do Padeiro…
Depois do terno “Sim” dado pelos noivos, passa-se ao “Vamos lá mas é para a festa!” habitual.
O Valentim insiste em que se faça uma corrida de bicicletas, pelo que quem tem bicicleta lá se junta.
O Bruno ganha a corrida, porque ia de lambreta, e o Valentim, de acordo com a noiva, que percebe disso, “está livre de perigo, mas fora da corrida após colisão com a árvore”.
FIM
Mais ou menos…
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