domingo, 27 de abril de 2025

Odisseia do Tacho 2006 - CAPÍTULO 11 – CAMPANHA DE LIBERTAÇÃO – SEXTA-FEIRA, A QUEIMA DO MAL

“Maldição, bruxedo, inveja, mau olhado, feitiçaria, praga e amarração!”
“Consultório Espiritual, Terapia on line e papéis de parede com imagens da terra santa”

Era esta a mensagem no cartaz pregado de forma bastante incoerente à porta da Sociedade Recreativa da Cadriceira nessa manhã, quando Maria Odete chegou da praça carregada com os sacos para as perdizes na caçarola que planeara para o almoço desse dia.
Ora aí estava um serão animado e colorido, para variar do animado e colorido das novelas da TVI que duravam até altas horas da madrugada, e que ela seguia fervorosamente, qual maratona de psicopatas tresloucados e vingativos.
Ao seu lado passava agora o Valentim, ainda a queimar os últimos cartuchos da noite da passagem de ano, há 8 dias atrás...
Por ter este ano ficado responsável da distribuição das prendas de Natal, por ter trocado os nomes das caixas e por as ter entregue um bocadito mais tarde – a 2 de Janeiro... – o Valentim (com a ajuda do Bruno, do Cláudio e do sempre impecável apesar de totalmente ébrio guarda Arnaldo – que apanharam uma tosga a beber copinhos de bagaço para afastar o frio) ficou demasiado entusiasmado com esta época, e começou a vê-la com novas cores, e também um bocadinho a piscar... apesar da sua preferida ainda ser o Carnaval... e os feriados todos, de um modo geral...
Por isso, anda agora a exibir umas verdadeiramente brilhantes meias de licra douradas e uns sapatos com salto agulha de 12 cm que eram para a D. Adélia, e uma t-shirt a dizer “Rudolph loves me” que se destinava à sua irmã Joaninha, “com o carinho do seu admirador secreto que se assina, Bruno”.
E mais nada!
Maria Odete, alterada, tira da sua mala o frasquinho dos sais e tenta recompor-se, mas o Valentim não lhe dá hipóteses disso, pois ao ver esta época com outras cores, reparou nas mesmo muito exíguas mini saias que a Maria Odete habitualmente usa e, ajeitando os seus caracóis no reflexo do vidro, manda todo o seu charme, assim como quem não quer a coisa...
“Já levei muita moça para a cama graças a este cabelo!” – e acha por bem acrescentar – “Elas ficavam malucas!!”
O Valentim usa aquele penteado desde meados dos anos 80, à imagem da capa do álbum de estreia de Marco Paulo, e tem sido o seu ponto forte nos engates desde essa altura.
O facto de ter o mesmo tipo de caracóis é que tem lixado a vida ao seu irmão Cláudio, cuja tendência é para o estilo gótico, que se torna... algo incompatível...
Eis que logo surge o António Luís que, topando já a jogada do seu hipotético rival (sem desconfiar dos encontros escaldantes da sua amada com o Padre Tom Cruise à hora da confissão, que a cada dia que passa se torna mais pia e frequentadora do templo sagrado...) vem armado com a sua arma infalível para derrotar tipo... rivais... – o Bruno do talho...
A ideia do nosso amigo era mesmo a de irem todos para o pinhal fazer um churrasco e assar uns chouriços da produção da Ti Faustina, que ficou como negócio da Mulher dos Chouriços, de quem o Homem do Talho enviuvou há pouco tempo, precisamente por lhe ter acertado com a faca de matar os porcos nos pontos vitais por várias vezes, de forma não intencional, é claro, coisa que ele teve alguma dificuldade em explicar ao Sr. Juiz, razão pela qual se encontra agora a cumprir pena por homicídio qualificado e teve de ceder o próspero negócio da agora não tão alegre família à Ti Faustina e à sua sócia e braço direito Ti Custódia.
O precioso e exclusivo segredo da confecção dos chouriços foi com a Mulher dos Chouriços para o Além, por ter sido apanhada meio desprevenida e não se ter lembrado ainda de apontar a receita.
O que safou o Valentim da tormenta de ser arrastado para um bacanal gastronómico foi o ter ficado a olhar hipnotizado e de boca aberta para o apelativo cartaz, o mesmo se passando com os outros.
Isto aconteceu porque se deram conta, de imediato, que aquilo era capaz de ser uma forma de divertimento bastante agradável, e ficaram com uma súbita e incontrolável vontade de ir para lá a correr.
E foi isso o que aconteceu!
O Bruno, sempre acompanhado da sua lambreta, deu boleia à Maria Odete e às perdizes, mas depois achou por bem voltar atrás e encaixar também lá o Valentim, que manifestava algumas dificuldades de locomoção apetrechado com os sapatos de salto agulha de 12 cm e que até nem se importou de ir com os calcanhares meio a arrastar pelo cascalho.
Chegados a uma barraca colorida plantada no meio do parque, não tiveram dificuldade em se sentir ambientados, até porque os habitantes da Cadriceira em peso estavam todos por lá… sim, até o Padre – agarrado a duas jovens militantes.
A festa até foi animada – entraram em diversas actividades, havia bebidas à descrição, animadoras jeitosas de roupas reduzidas, em suma, divertiram-se imenso... e estão a pensar em repetir...
Mas, provavelmente, os gajos da I...D vão riscar a Cadriceira do mapa deles, na certeza de que nunca vão ser capazes de salvar almas ali – apesar de o pastor Nilton de Azevedo ter ponderado ficar por lá e abrir uma filial, verdadeiramente impressionado com os apêndices mamários da Giséla Sóráia e com o seu reduzido decote...


PS – Eu gostava de ser assim brutalmente criativa, mas devo confessar que, desta vez, a IURD passou-me à frente... Isto para explicar que o parágrafo inicial é uma transcrição do site dos senhores... ;)





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