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A mostrar mensagens de maio, 2019

A Devoradora de Corações - Epílogo.

Celestes A Irmã Generosa, pelas mãos de Leonor, acrescentou mais um parágrafo no caderno onde apontava as suas receitas e as suas notas, deitando um olho ao tacho de cobre onde a fruta se tornava numa papa doce e borbulhante, enquanto se recordava da sequência dos acontecimentos dos últimos dias. O encerrar do convento antigo, entre comoção e saudade, a mudança para o lugar novo, com mais ou menos entusiasmo, independentemente das idades, com a estranha doença da pequena Maria dos Anjos que se arrastou por estes dias e, finalmente, na noite passada, a assustadora e tremenda tempestade e a destruição completa do muro do claustro sul pela subida das águas do ribeiro, de repente tão violentas e incontroláveis, que arrastou com ele o claustro onde se passeavam tranquilamente em dias de sol e de chuva e de todo o edifício onde antes dormiam as irmãs, que inevitavelmente teriam ficado sem vida debaixo dos escombros, em vez de estar a despertar numa manhã de sol luminosa em c

A Devoradora de Corações - 6

Aletria Doce A minha companheira de cela, aqui, é a Irmã Maria da Luz. Luz no nome, escuridão no fundo da alma, eu sei, apesar de ela ter esse segredo guardado bem no fundo do coração. Ela teve uma vida fora daqui, há muito tempo atrás. Teve um marido, que a estimava, mas que desistiu dela. Teve uma filha, um bebé lindo, as mãos pequeninas, o rosto perfeito, mas que nunca abriu os olhos. Era uma menina e, se tivesse nascido viva, teria por agora a mesma idade que eu. Creio ser esse o motivo que a faz olhar para mim pensativamente. Será que a sua filha teria cabelos castanhos como os seus? Seriam lisos? E os olhos? Seriam risonhos? Teria sido uma rapariga feliz?   Não foi ela quem mo contou, nem nenhuma das outras irmãs, que ninguém conhece o seu segredo, mas um dos anjos que guarda este convento. Ele diz-me que não tenha medo, que nos acompanha até ao convento novo, e que vai continuar connosco, e será como se não tivesse havido mudança nenhuma. Diz-me que quase morro