segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Palavra Passe: Cabaz de Natal.

No ano passado, um prestador enviou uns cabazes de Natal para oferecer às pessoas com quem trabalhava mais directamente, daqueles cabazes que têm queijos e umas garrafitas e uma chouriças: um jeitoso para a chefia, outro jeitoso para o departamento de prestadores, e uns mais humildes para os médicos, enfermeiros e operadores de translados.

Ora acontece que, no ano passado, esses cabazes saíram,... mas não foram entregues, motivo pelo qual o senhor teve o cuidado de enviar com recibo de recepção E cada cabaz com uma etiqueta com o nome da pessoa a que se destinava e o andar em que estava.

Desta forma, não seria possível falhar!

Pois, pensava ele. O que é facto é que quando o senhor telefonou, todo contente, "E então, gostaram dos cabazes?"... "Mas quais cabazes?".

E tínhamos mistério!

Não durou muito, claro: uma das colegas, determinada a resolvê-lo, foi ter com o segurança: "sim, sim, chegaram umas caixas, foram levadas para a cave". Confirmaram, com o recibo, assinado com um nome de senhora, sendo que ninguém tem esse nome, cá dentro, o que era estranho.
"Ó senhor P., vamos ver as imagens da vigilância!"

E nestas imagens, infelizmente não facultadas ao youtube, lá estava um dos gajos do departamento de prestadores, uma das directoras de não sei quê... e o chefão!, gajos que já tinham recebido a sua fatia grande, e que estavam a rapinar as fatias pequenas dos outros!

Depois destas evidências, lá tiveram eles que devolver os cabazitos.

Quase todos, claro, porque já tinham oferecido dois a duas funcionárias que, vendo que o nome na caixa era de outras colegas, não se importaram de os receber, viva o espírito natalício!, sendo que os outros cabazes já estavam abertos e com vitualhas a menos...

Nesta história, os cabazes pouco importam.
O que importa é que o prestador que enviou ficava mal visto perante as pessoas com quem trabalha, quando estava a ter uma atenção simpática com elas.

O que importa foi a atitude da chefia que, com modos destes, sem necessidade, passou por palhaça...

1.6


quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Perguntas de resposta múltipla.

- Chéché Assistência, boa tarde, fala a Marta, em que posso ajudar?
- Olhe, menina, o meu carro não pega, preciso de um reboque.
- Com certeza, diga-me a matrícula da viatura, por favor.
- Então é &&##??.
- Uma apólice no nome da senhora dgfdgjhjdfhg.
- Ah, sim é a minha mulher, sabe, é que eu já tinha tido um acidente e saia mais caro o seguro, por isso foi com o nome dela, que não tinha ainda nada.
- Ok...... E em que local está a viatura?
- Está na Rua djkfhjsdhgj, nº12, 4º dto.
- Na morada da apólice?
- Sim, está em casa.
(pergunta da praxe, para saber se vai o reboque grande ou a pick up)
- E o carro está na rua ou numa garagem?
- Ah e tal, está na rua, que ainda fui levar o meu filho à escola, e depois fui ao Continente e ainda passei na minha sogra para ver se a velha estava viva.
- Ok....... Então e temos um Seat fjgaug, qual é a cor do carro?
- Ah e tal, é cinzento, mas tem a porta da bagageira azul, que houve uma vez que tive um acidente e fiquei com a porta toda amolgada e já não arranjei da mesma cor, teve de ser assim.
- ......... ó mái gód... pró questou euguardada, balha-nosdeuze... Sim senhor, vou pedir-lhe que se mantenha contactável e perto da viatura, que em 30 a 45 minutos o reboque está no local.....
FIM!


1.5

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Chéché Assistência - As Crónicas do Call Center. A Dança das Cadeiras.

Hoje temos Vanessa Pato, a advogada frustrada.

Aspirante a bipolar, tem dias em que é a compincha do momento, outros em que é a cabra de serviço.
É preciso cutucar primeiro com uma esferográfica, para ver qual vai responder. Nem todos têm coragem para o fazer, porém, uma vez que a sacana é uma modalidade muito chata.

Recentemente promovida a outra função, uma vez que sair do call center para outra posição qualquer é considerado uma evolução na carreira, passou a andar todos os dias com a versão "estafermo do raio" logada, o que é sempre uma chatice para quem a atura o dia todo, mas que não deixa de ter o aspecto positivo do "ser por poucos dias"...


1.4

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Chéché Assistência - As Crónicas do Call Center. As pessoas que vos faz falta conhecer.

Vicente Gavião, o Cromagnon. O operador da linha (sim, da linha de Cascais, literalmente) que mede 1.50m e tem um complexo de inferioridade relacionado com a sua altura e com o facto de ter levado com um valente par de cornos, seguido de um valente chuto no traseiro - de ter sido "atraiçoado", na versão poética dele.

Sonha, um dia, em escrever um romance entre um operador da Assistência em Viagem e a dama que o atende do outro lado da linha e que conduz o reboque, o que não é a melhor informação a partilhar com os coleguinhas novos, no primeiro dia de trabalho destes.

Acaba, não por escrever a sua fantasia, mas por a viver na primeira pessoa, ao iniciar uma tórrida, porém platónica, relação com a Arminda dos Reboques Joaquim e Arminda e os Outros Primos, uma cavalona musculada de 1.90m de altura para 80 kgs que ingere esteróides como se fossem macarons, tem bigode e, volta e meia, enche o Vicente de pancada, mas por motivos justificados, porque ele é chato como a potassa e não a larga.

Venera a Cientologia, o Bob Dylan e o Tom Cruise num altarzinho lá em casa, e é pior que as testemunhas do outro senhor a pregar as suas ideologias e a tentar fazer uma lavagem cerebral às pessoas que estão à sua volta.

Quando as coisas começam a descambar do outro lado da linha, levanta o rabo da cadeira, levanta a voz e solta o seu único (sim, porque mais ninguém ali faz isto, não é?!) "O meu nome é Vicente Gavião e você está a falar para a Chéché Assistência!" alto e bom som. Não resolve as coisas.

Quem contraria o Vicente ou, pior, lhe vira as costas quando está a dar uma opinionadela importante (para ele, só ele e mais ninguém), vai à casinha. O que quer dizer que é chamado de parte por alguém importante para levar nas orelhas, como no Jardim Escola.

Ofender o Bob Dylan à frente dele pode ter as mesmas consequências funestas...


1.3


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Chéché Assistência - As Crónicas do Call Center. O Mail interno.

Recebemos um dia destes um mail a dizer para que servem os Supervisores.

Sinto que o meu Boião do Saber ficou mais cheio.

A Senhora dos Recursos Humanos revelou-se também uma rebelde, como os próprios Supervisores, e atreveu-se a brindar-nos com algumas calinadas ortográficas! Yay!!


1.2

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Chéché Assistência - As Crónicas do Call Center. Prólogo.

Se acha que a vida real não tem sumo, que o dia-a-dia não tem sal, e que falta um bocadinho de pimenta da Fantasia nas nossas rotinas...

Chegou a Blog-novela para si!

O  dia-a-dia num escritório de Assistência em viagem, com destaque para a animação que é... O Call Center, pelos olhos de alguém que está por lá... um bocado encalhada, vamos lá ver, com figuras de grande profundidade dramática como o Vicente Gavião, o Cromagnon, Panda a Supervisora, e mais os outros Supervisores, o senhor conhecido como O Director, o Outro Director, Lurdes Kiki, a Pitazita, Josefina Lúcia, a Lassie, o Doutor Brejeiro, os Espanhóis, os Franceses e os Portugueses, e mais uns quantos marmelos.

Temos técnicos, médicos, transporte para consultas e qualquer coisa em Alemão que não percebo muito bem o que é.

Temos Portugal, Espanha fora de Espanha e qualquer coisa de França... que também não sei muito bem o que é.

Quanto aos médicos de serviço, não se percebe muito bem para que servem, além de que opinam acerca de coisas de que, de facto, não percebem assim muito.

Ora como devem calcular, para dar mais graça à coisa, esta que vos escreve é, de seu nome, Marta, operadora, menina do blog e etcéteras, e vem por este meio bloguístico exorcizar os potenciais problemas psicológicos muito graves que este ambiente lhe poderia causar, se bem que, às vezes, tenha mais ganas de dizer à pessoa do outro lado da linha "Só um momento, que vou transferir a chamada para o departamento correspondente.", e depois transferir a chamada para as urgências psiquiátricas do Júlio de Matos!

Mas uma blog-novela também é uma terapia aceitável...

Marta, a operadora, conta em primeira mão o flagelo diário que são as piadolas relacionadas com o seu nome e a prévia utilização do mesmo - até à exaustão, convém referir - num anúncio à Assistência em Viagem de um conhecido seguro com uma operadora também de sua graça Marta.

Por isso, se vos atender do lado da linha um "Chéché Assistência, Boa Tarde, fala a Marta, em que posso ajudar?", não, não estão a gozar o pratinho com a vossa cara, a operadora pode mesmo chamar-se Marta...

Também sofre o drama frequente de ter um apelido comprido e estranho, no qual as pessoas não se enganam, optando antes por cometer erros com o primeiro nome, que deixou de ser Marta Sofia e passou a ser Maria Sofia nos sistemas operativos e na máquina de ponto da empresa desde o seu início de funções na mesma, e que, volta e meia, escutado do outro lado da linha, soa como Márcia ou Mara.
Devo ter algum problema com a dicção.

Não, não deve ser isso. Também há colegas que, apesar de trabalharem ao meu lado há vários meses, olham para os meus lindos olhos e saem-se com um "Clara", "Carla", "Sara", "Ana", "Xana".
Devo ter algum problema, ponto final. Ou eles. Era a minha segunda hipótese.

(E porque é que ainda ninguém se lembrou de Marina? Estará no meu futuro? Veremos!)


1.1



O castelo na penumbra

Sintra, Novembro de 1827. O vulto do jovem homem de cabelo loiro passou de novo, rapidamente. Desta vez, quase o conseguiu ver pelo canto do...