quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Anoitecer

A tempestade aproximara-se sem ele dar conta.

O dia terminava.

Ao longe, vindas da serra, as nuvens escureciam os céus, o vento levantara-lhe a capa e descobrira-lhe a cara, quando saira do abrigo da pequena igreja solitária.

Como se isso importasse.

Não estava ali ninguém.

Nunca estava.

Ao fundo, o cemintério antigo e esquecido estava rodeado por alguns ciprestes sobreviventes.

Não foi difícil encontrar o sítio adequado.

Em pouco tempo, escavou o resto do buraco que a natureza tinha iniciado.

Foi ao carro e, com alguma dificuldade, conseguiu arrastar o corpo inerte enrolado numa manta azul.

Ainda respirava.

Ficou surpreendido.

Era capaz de jurar que tinha conseguido acabar com tudo.

Era indiferente.

A terra acabaria com o trabalho.

Com mais um esforço, arrastou-a até ao buraco.

No momento seguinte, uma mão com garras saiu da manta, apertando-lhe o pescoço e rasgando-lhe a carne.





(Desafio de 150 palavras para mais um concurso qualquer - Conto 1)

Anoitecer

A tempestade aproximara-se sem ele dar conta. O dia terminava. Ao longe, vindas da serra, as nuvens escureciam os céus, o vento levantara-lh...